O foco do encontro foi conhecer mais sobre o trabalho realizado no ambulatório de HTLV.
A caminhada de Antonieta Oliveira, de 55 anos, foi longa até chegar a um diagnóstico preciso para ter uma saúde de qualidade e estabilizada. Em boa parte da vida, era comum sentir-se mal. Mesmo tendo acesso a exames e especialistas, a descoberta do HTLV (vírus linfotrópico de células T humanas) demorou a chegar.
“Faz sete anos que consegui saber o que tinha. O grande problema foi encontrar um profissional que conseguisse realizar meu tratamento de forma integral e humana. Perdi as contas de quantas vezes ouvi dizer que era incurável”, lamenta.
Ela lembra que foi através de uma reportagem de televisão que descobriu o ambulatório de HTLV no Multicentro Carlos Gomes, em Salvador, Bahia. “Percebi que eles falavam da doença de uma forma diferente e ofereciam muitos serviços. No outro dia, fui logo fazer meu cadastro. Foi tudo muito rápido, a equipe é maravilhosa e sou tratada com respeito desde o funcionário da recepção até os médicos. Estão sempre preocupados comigo, se já agendei minhas consultas. Isso faz com que eu me sinta acolhida, capaz de enfrentar a doença. Me sinto bem melhor depois das medicações que passei a tomar por lá e pretendo logo fazer fisioterapia também no Multicentro”, diz.
Intercâmbio BA X PA
Para mudar a vida de Antonieta e de tantas outras pessoas que convivem com o vírus, o Ambulatório Municipal de Doença Falciforme, Hepatites Virais e HTLV do Multicentro de Saúde Carlos Gomes tornou-se referência nacional de atuação em tratamento na rede pública de saúde.
No início do mês, o espaço recebeu a visita de uma comitiva da Secretaria de Saúde Pública do Pará. Equipes da Atenção Especializada do Estado conheceram na prática o serviço e levaram na bagagem exemplos dos processos executados na capital baiana. A iniciativa teve por objetivo aprender para implementar um modelo em um ambulatório que deverá ser construído em Belém, capital.
A equipe foi formada pelo coordenador da Vigilância em Saúde do Pará, Herly Nilton; a coordenadora da Atenção Especializada do Pará, Poliana Azevedo; e as médicas, Lorena Caldas e Cíntia Athar, do Serviço de Atendimento à Pessoa Vivendo com HTLV (SAPEVH), do Laboratório de Virologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Durante a programação na capital baiana, os visitantes participaram de uma roda de conversa com a equipe multidisciplinar do Multicentro e a presidente do HTLVIDA, Márcia Carneiro. Em discussão, estava a importância do equipamento para o município; as dificuldades de vivência com a doença e as vitórias dos pacientes que se tratam no local.
Para a médica Lorena Caldas, o objetivo da visita foi alcançado com sucesso, foi um primeiro passo importante para a construção de um vínculo entre as equipes estaduais de saúde. “Foi uma experiência significativa, com troca de saberes e vivências com a equipe interprofissional, responsável por esse cuidado. Esse encontro me levou à reflexão da importância do protagonismo de quem narra a sua própria história, a pessoa que vive com o HTLV, com o Projeto de Extensão Mentores da Saúde. Desejo que o fomento ao desenho da Linha de Cuidado Integral à PVHTLV no Estado do Pará possa contemplar essa prática, dando voz e lugar central ao principal ator ou à principal atriz social dessa história: a PVHTL”, disse.
Acolhimento de pacientes HTLV no MCS
Inaugurado em julho de 2022, o ambulatório já assistiu mais de 150 pessoas. A equipe multiprofissional é composta por infectologista, psicólogo, nutricionista, enfermeiro e técnico de enfermagem, além do serviço social.
Para ter acesso ao serviço é necessário preencher uma ficha de referência; contra-referência dos serviços de saúde e/ou sorologia HTLV I/II; realizar ou portar o exame confirmatório ‘Western Blot’.
Os pacientes contam com serviços de consultas com especialistas (urologia, neurologista, cardiologista, endocrinologista); fisioterapia uroginecológica; exames laboratoriais e de rotina como preventivo, teste rápido, cardiológicos e USG.
Multicentro Carlos Gomes
Em agosto de 2020, o ISAC – Instituto Saúde e Cidadania assumiu a gestão do Multicentro Carlos Gomes. Desde então, o Instituto iniciou um amplo processo de melhoria de fluxos, processos e modernização da assistência com a implantação de ferramentas que dão mais agilidade e eficiência nos atendimentos. O espaço é custeado pela Prefeitura de Salvador.