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Angustia, desespero e impotência. Essas são algumas palavras que podem descrever os sentimentos de dona Jucélia Silva, 67 anos.
Após a perda trágica dos dois filhos em um acidente automobilístico, a irmã mais nova da aposentada tentou por duas vezes cometer suicídio. Sem saber onde procurar ajuda especializada, dona Jucélia encontrou uma luz no fim do túnel no Multicentro Carlos Gomes, enquanto aguardava por uma consulta médica de rotina.
Isso porque os colaboradores da unidade administrada pelo ISAC – Instituto Saúde e Cidadania, em Salvador, promoveram um ciclo de palestras para chamar a atenção de pacientes e acompanhantes sobre o assunto. Durante a mobilização alusiva ao Setembro Amarelo – mês de prevenção ao suicídio –, os profissionais prestaram esclarecimentos sobre os potenciais sintomas que podem levar o indivíduo a cometer atentados contra a própria vida, além de orientar onde os usuários podem ter acesso gratuito ao acolhimento especializado dentro do próprio multicentro.
“O suicídio é um fenômeno complexo e ainda rodeado de muitos tabus. É importante saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo e procurar ajuda especializada. Aqui no Multicentro Carlos Gomes dispomos de uma central de marcação, onde o interessado pode inscrever um parente ou amigo para acompanhamento psicológico. Uma vez inscrito, nossa equipe faz o primeiro contato com o paciente por telefone e, posteriormente, o acolhimento presencial com a equipe multidisciplinar”, explicou Cheila Hanhoerster, psicóloga da unidade ambulatorial.
Jeito ISAC de Cuidar
O Multicentro Carlos Gomes dispõe de atendimento psicológico especializado adulto e pediátrico baseado no Jeito ISAC de Cuidar para assistência às pessoas que demonstram comportamento suicidas e/ou demais agravos de saúde mental, como depressão. O agendamento das consultas acontece de segunda a sexta-feira, das 08 às 16 horas, de forma presencial na unidade.
“Já vou agendar agora mesmo a consulta de minha irmã. Não sabia mais o que fazer. Graças a Deus vou ter agora um apoio para ajudar nossa família”, afirmou emocionada dona Jucélia.
Setembro Amarelo
Nove em cada dez mortes por suicídio poderiam ser evitadas. Os dados, da Organização Mundial da Saúde (OMS), reforçam a importância da valorização da vida.
Os motivos são os mais diversos, e muitos casos acontecem impulsivamente em momentos de crise, quando as pessoas têm surtos diante de estresses, problemas financeiros, separações, dores ou doenças. De acordo com a psicóloga, Cheila Hanhoerster, o primeiro passo para prevenir o suicídio é conversar.
“Primeiramente, é preciso reconhecer que é uma conversa difícil. Não é uma conversa que temos todos os dias. Então, você vai ficar nervoso e isso é normal. O importante é ouvir e não julgar. Buscar um serviço com especialista também é de suma importância para auxiliar quem está passando por esse tipo de sofrimento”, pontuou.